Jesus, o Peregrino: Ecos para uma Igreja missionária
DOI:
https://doi.org/10.64954/rc-pom.v1i2.28Palavras-chave:
Cristologia; Missão; Eclesiologia; Caminho.Resumo
O presente estudo parte do diagnóstico de uma tensão persistente entre dois modelos eclesiológicos: um modelo autorreferencial, herdeiro da tradição tridentina, e o modelo da Igreja em saída, proposto pelo Concílio Vaticano II e aprofundado pelo magistério do Papa Francisco. Mais do que descrever essa tensão, a pesquisa busca oferecer um novo paradigma teológico e pastoral capaz de superá-la: a metáfora do “caminho”, compreendida como categoria cristológica e eclesiológica. Tal paradigma propõe uma releitura da missão da Igreja a partir de uma eclesiologia dinâmica, itinerante e aberta ao mundo, superando modelos estáticos e autorreferenciais. O método é teórico-bibliográfico, desenvolvido em quatro movimentos: (1) análise do “caminho” como categoria antropológica e teológica; (2) estudo da práxis de Jesus de Nazaré como “caminheiro” e referência para uma cristologia itinerante; (3) articulação dessa perspectiva com a eclesiologia da Igreja em saída proposta pelo Papa Francisco; (4) implicações pastorais, com a formulação de uma pastoral do caminho atenta aos sinais dos tempos e às periferias humanas. Conclui-se que uma cristologia do caminho pode renovar a missão eclesial, reconduzindo-a ao essencial: a proximidade com a vida concreta do povo e o testemunho do Evangelho no cotidiano. Assim, o paradigma do caminho contribui para superar uma “teologia de gabinete” e promover uma reflexão encarnada, marcada pela kénosis, pela esperança e pelo serviço à vida. A metáfora do caminho, portanto, não apenas ilumina a missão da Igreja, mas reconfigura sua identidade como comunidade peregrina, aberta ao diálogo e à esperança escatológica.